O percevejo marrom Euschistus heros é uma praga‑chave da cultura de soja (Glycine max) em várias regiões do Brasil, principalmente nas de clima quente. Esse inseto pode ocasionar danos irreversíveis à cultura, pois, para se alimentar, suga diretamente os grãos de soja, o que reduz a produção e a qualidade das sementes, podendo causar prejuízos de até 30% no potencial produtivo.
Durante seu ciclo biológico, os percevejos passam pelas fases de ovo, ninfa (composta de cinco ínstares) e adulto. As fêmeas depositam seus ovos amarelos em fileiras nas folhas e vagens da soja, normalmente em pequenos grupos com 5 a 8 ovos. Os adultos apresentam cor marrom escura e abdômen verde e possuem longevidade de 116 dias, enquanto as ninfas são de cor marrom ou cinza e permanecem nos ovos até completarem o segundo ínstar. Entretanto, só a partir do terceiro ínstar (tamanho médio de 3,63 mm) as ninfas do percevejo-marrom se tornam mais ativas e iniciam a dispersão, causando danos aos grãos da soja. A duração do ciclo biológico dessa praga é em média 29 dias a 25ºC.
É importante salientar que quando ocorre o aparecimento dos legumes (vagens), inicia-se a reprodução dos percevejos e o surgimento de ninfas na lavoura. A partir do desenvolvimento dos legumes e início de enchimento dos grãos, quando a cultura é mais suscetível ao ataque, a população tende a aumentar. Seu crescimento vai até o final do enchimento de grãos, quando atinge o pico populacional máximo, e depois tende a decrescer (CORREA-FERREIRA et al., 1999).
Para identificar a presença dessa praga na cultura deve-se atentar aos sintomas por ela causados. Os principais são: vagens marrons e murchas, queda e apodrecimento das estruturas florais e frutos.
Pode-se assim concluir que o percevejo marrom da soja causa danos diretos que podem ser vistos como abortamento dos grãos, redução do potencial germinativo (morte dos embriões), de vigor (enfraquecimento das sementes), de massa e tamanho e teor de óleo dos grãos. Além disso também causam danos indiretos, como: atingem as sementes através do aparelho bucal nos legumes, tornando-os enrugados, menores, cochos e mais escuros. Abrem caminho para doenças fúngicas no momento da picada e de um distúrbio fisiológico conhecido como “soja louca”, o qual acarreta em folhas verdes no final do ciclo, causando prejuízos no rendimento. Dessa forma torna-se imprescindível um acompanhamento direto e boas práticas de manejo para que maiores danos sejam evitados, otimizando assim a produção.
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