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COLHEITA DA SOJA

A soja desembarcou no Brasil em 1882, em áreas do Recôncavo Baiano, porém , as cultivares não possuíam adaptações às  latitudes da região , o que levou resultados insatisfatórios . Após a década de 40, o Brasil passou a abrigar cultivos comerciais de soja em áreas do Rio Grande do Sul, aparecendo nas estatísticas mundiais no último ano dessa década. Com o passar dos anos  houve o surgimento de novas tecnologia s marcadas principalmente pela criação da EMBRAPA, além das novas fronteiras agrícolas, aperfeiçoamento de inúmeras técnicas de manejo, dentre outros fatores que foram desenvolvidos e superados ao longo dos anos. Esses fatores culminaram no ano de 2020 na consolidação do Brasil como maior produtor de soja do planeta.

A Safra  2020/2021 é a consolidação de anos de aprendizados e evolução, pois marcou um início com altos preços da commodity no país  devido a escassez dos estoques alavancados pela alta do dólar. Entre outubro e janeiro o Brasil importou o maior volume de soja dos últimos 17 anos. O levantamento  de acompanhamento das lavouras de 23/10 a 30.10 de 2020 realizado pela Conab trazia um atraso de 12% em relação ao ano anterior, porém as máquinas conseguiram recuperar o atraso no terceiro levantamento do mês de novembro e os  valores já se igualavam ao anterior. Ainda , em regiões especificas sofreram com a falta de chuva para iniciarem ou darem continuidade com  instalação da cultura, Como a região de Londrina e Norte do Paraná, onde alguns produtores finalizaram o plantio com quase um mês de atraso em relação aos anos anteriores.

O sistema La Niña esteve presente ao longo de toda a safra, atingindo seu pico entre outubro-novembro de 2020, influenciando nos processos da cultura e nos tratos culturais . A agricultura é um processo dinâmico e evolutivo, com isso , cada safra pode-se observar, diagnosticar e aprender, traduzindo em uma frase muito comum entre trabalhadores do meio rural “cada ano é um ano”,  nesta safra algumas regiões observaram o aumento de populações de Lagarta Falsa-Medideira (Chrysodeixis Includens), em soja com tecnologia Intacta, acendendo um alerta para as próximas safras, visto que o complexo de lagartas traz grandes prejuízos para a cultura e seu controle acarreta no aumento do custo de produção. A ferrugem  asiática da soja, provavelmente a principal doença da cultura , é acompanhada de perto pelo consócio Antiferrugem, que em meados de fevereiro constatava números de casos superiores ao ano anterior (19/20) porém, houve números inferiores ao das safras 18/19 e 17/18. Houve também relatos de abortamentos de vagens e grãos em lavouras do Paraná, motivos que ainda  estão sendo estudados pelos pesquisadores e técnicos, porém nesses casos a perda de produtividade chegam em até 100%.

Safra no campo também é momento de experimentação para traçar, testar e planejar as ações que deverão ser tomadas nos anos seguintes, consultorias agronômicas trabalham em suas estações para desenvolvimentos e testagem de protocolos, as instituição de ensino e pesquisa realizam experimentos que futuramente se tornarão artigos, teses, dissertações, boletins informativos e inúmeros outros materiais, existem também trabalhos realizados em redes na forma de ensaios cooperativos como é o caso dos experimentos para verificação da eficiência de fungicidas para o controle da ferrugem-asiática da soja, que na safra 19/20 reuniu 23 instituições em 28 estações de ensaio.

A colheita  da safra 20/21 está em andamento, regiões do centro-oeste e norte do país  tiveram problemas com o excesso de chuvas no momento da colheita e apresentaram perdas de qualidade de grãos e de produtividade, além disso , problemas de logísticas não são novidades no Brasil, principalmente na região norte onde existem muitas estradas sem pavimentação asfálticas, formando filas e mais filas de caminhões, como no porto  de Miritituba no Pará , apresentou filas de caminhão carregados de soja, devido aos altos volumes de chuva . Em regiões do Tocantins também houve problemas pelo excesso de chuva. O ritmo nacional de colheita é inferior em 15% na comparação com a safra anterior , segundo o levantamento da Conab do dia 5 de março, este ano somente 37% das áreas estão colhidas contudo, o ritmo de colheita respeita a semeadura tardia em algumas regiões  destaque para o Mato Grosso , que é o principal produtor do país e  que  conta com 75% das áreas colhidas, que darão espaço para a segunda safra. A safra de soja 2020/2021 , segundo o 6° Levantamento de safra da Conab , conta com 38 milhões de hectares e uma previsão de produção em torno de 135 milhões de toneladas , com um aumento de 4% da área e 8,2% de produção em relação à safra 19/20, confirmando o compromisso do agronegócio nacional em aumento de produtividade para preservação das áreas de reserva e proteção ambiental.

Ainda mesmo sem a conclusão da safra, os planejamentos para a safra 2021/2022 já iniciaram, sondagem de cultivares, cotação de insumos, distribuição de área e demais planejamentos. Os altos preços dos insumos , principalmente os importados , são os que mais pesam na balança do produtor, a instabilidade do câmbio do dólar  fez com que alguns produtores já iniciem as compras de insumos importados, principalmente adubos formulados que são utilizados em grandes volumes, além do fator preço, no caso dos adubos o frete também é importante para os produtores, pois na maioria das vez estes são desembarcados nos portos nacionais e percorrem via rodovias sob caminhões até as propriedades. Contudo , o preço da soja é, se  pudemos utilizar essa palavra , “animador” alavancados pelos baixos estoques mundiais, alto consumo principalmente de países Asiáticos  elevaram o valor do Bushel em Chicago somados às  elevadas cotações do dólar , que fizerem com que os valores das commodities disparassem chagando a mais 160,00 reais a saca nos portos nacionais. O consultor Luiz Guilherme Firmano nos explica que Poucos produtos mantiveram seu valor no mercado em ralação à safra passada, podendo ter um acréscimo de até 30% do valor final dos produtos porém,  se levarmos em conta a porcentagem que a soja subiu ao longo desse um ano, tornou uma safra importante para o produtor saber negociar e ganhar dinheiro , pois tivemos um aumento de praticamente 100% no valor da soja, sementes e adubos foram os que tiveram os maiores aumentos nos preços, no caso da semente devido ao fator custo da própria soja e o adubo devido a basicamente três fatores : dólar, pois se trata de um produto na maioria das vezes importado, frete, fator logístico , que tem aumentado os valores de transporte até o produtor e o fator das  embalagens , que estão escassas no mercado. Ele ainda destaca que o produtor deve ser inteligente nas negociações, para aproveitar as altas no preço da soja, aproveitando o bom momento do mercado. Essa balança entre gastos e lucros  animam e encorajam os produtores a aumentarem as áreas de cultivo para os próximos anos, embora existem áreas de fronteiras agrícolas no país , é fundamental que a soja ocupe áreas antes degradadas ou que nunca foram cultivadas com a cultura, esse é o papel de produtores visionários,  ditos muitas vezes como loucos, assessorados por um exército de pesquisadores, consultores, agrônomos e dentre outros inúmeros colabores de toda a cadeia produtiva da soja.

1 comentário em “COLHEITA DA SOJA”

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