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El Niño e La Niña: os impactos na agricultura

A maioria das pessoas sabem que os fenômenos climáticos El Niño e La
Niña podem afetar diretamente o clima brasileiro. Em anos que esses eventos
climáticos estão atuando, os regimes de chuva e as temperaturas variam e as
mudanças podem ter impacto direto até mesmo na produtividade e agricultura
como um todo.
O El Niño é o nome que se dá ao aquecimento anormal do sistema
oceano-atmosférico na zona tropical do Oceano Pacífico. Por outro lado, é
comum se pensar que La Niña é um evento totalmente contrário, porém não é
exatamente isso que ocorre. Durante o período de ocorrência do fenômeno, há
um aumento dos ventos alísios no Oceano Pacífico que empurram as águas
mais superficiais e quentes para a região Equatorial Ocidental do oceano.
Portanto, ocorre um desnível dessas águas e são observadas diferenças
significativas na temperatura, com uma quantidade maior de águas frias
exposta na região oriental do Pacífico.
Em anos de atividade do El Niño, as temperaturas geralmente sobem no
inverno. Em relação às chuvas, o impacto no centro do Brasil é pequeno. O
tempo fica seco, como acontece no inverno normalmente. As maiores
mudanças pluviométricas ocorrem nos estados do Sul do país e no Nordeste.
No primeiro caso, costuma chover muito, e isso não costuma ser bom para a
cultura do trigo, já que essa cultura necessita de bastante luz, além disso, o
cereal precisa de frio para que ocorra um ciclo rentável. Por fim, a elevada
umidade aumenta o risco de doenças causadas por fungos.
No Nordeste o regime ocorre de forma diferente, com El Niño, há seca
no verão e já no inverno é comum não chover com frequência, oque por sua
vez também traz impactos diretos na agricultura local, que por muitas vezes
está com o milho safrinha no campo. Logo, pode haver déficit hídrico nas fases
finais do ciclo de cultivo, causando alterações na produção.
Já a La Niña torna o tempo no Sul do Brasil mais seco, podendo
favorecer o trigo por exemplo. Em alguns casos as condições para o cultivo do
cereal podem ser melhores do que em anos normais, pois chove um pouco
menos, e as ondas de frio são mais frequentes. Porém, a queda de
temperatura não costuma trazer geadas prejudiciais à cultura.
Na região Sul, no litoral paulista e fluminense a temperatura média cai
com a La Niña. Mas por outro lado, na maior parte das regiões agrícolas no
interior do Sudeste e do Centro-Oeste, os anos de La Niña permite uma
amplitude térmica maior, ou seja, as temperaturas máximas e mínimas são
mais “extremas”, isso ocorre porque o fenômeno torna o clima nessas regiões
mais seco, possibilitando a alteração rápida na temperatura.
No Matopiba, região no Nordeste que engloba estados como: Maranhão,
Piauí, Tocantins e Bahia, as culturas de grãos são beneficiadas pela La Niña,

pois o período de chuvas na região é mais duradouro, sendo suficiente para
cobrir o ciclo das culturas.
Portanto, ao contrário do que é comum de se pensar, esses fenômenos
importantes não causam somente prejuízos para a agricultura. Na verdade,
pesquisas indicam que El Niño pode aumentar os rendimentos de até 36% das
áreas plantadas e, por outro lado, diminuir em até 24% delas. Já com La Niña,
os impactos negativos podem chegar aos 13% das áreas cultiváveis e os
positivos ficam em até 4%. Logo, essas alterações climáticas, mostram cada
vez mais a importância de um bom planejamento agrícola e a realização de
boas práticas agronômicas que favorecem a produção rural, como o Sistema
de Plantio Direto, associada à preservação dos recursos naturais disponíveis.

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